Produzir mel biológico é viver na Natureza

Como será o dia-a-dia de um produtor artesanal? Fomos conhecer melhor o Rui, cuja vida começou numa pequena aldeia e, anos depois, aqui retorna, onde faz mel, pólen de abelha e medronho.
Rui Lourenço - Casa Lourenço - Mel - Sertã

O Rui cresceu na Cumeada, de onde saiu para conhecer o mundo.
Em 2010 retornou, dedicando-se à apicultura biológica.

Como começou esta aventura de produzir mel biológico?

A Casa Lourenço, que se dedica à produção de mel biológico e outros, é um pequeno negócio de família que surge da vontade de fazer mais pela região, respeitando sempre a Natureza.

Eu e o meu irmão, o Augusto, tivemos a sorte de crescer numa pequena aldeia, a Cumeada, no concelho da Sertã, bem no centro de Portugal, e de vivenciar um estilo de vida muito ligado ao campo e a uma agricultura de subsistência. A nossa vida levou rumos diferentes, andámos um pouco pelo mundo e, por volta de 2010, as nossas atividades profissionais acabaram por nos trazer de volta à Sertã. 

Foi aí que começou a crescer um sentido de responsabilidade pelas nossas origens, uma vontade de dar sentido àquelas terras e, de certa forma, de contribuir para o desenvolvimento da região. Mas sempre de uma forma integrada e em harmonia com a Natureza.

Assim, escolhemos a apicultura, com a produção de pólen e mel biológico, e o medronho, cujo medronheiro é uma árvore completamente endógena da região, com características fantásticas e pouco exploradas. 

Neste sentido convertemos toda a exploração, em 2019, para produção biológica.

Como é o teu dia-a-dia?

Produzir mel biológico ainda não é a nossa principal atividade e, por enquanto, temos de a conciliar com outras atividades profissionais.

No meu caso, sou professor de educação física, mas tento dedicar entre 3 a 4 horas por dia à agricultura e ao mel biológico.  Seja antes ou depois do trabalho, consoante a época do ano, estas horas são muito enriquecedoras: estamos em contacto direto com a Natureza, vemos as plantas a crescer, os enxames na sua azáfama constante…

Tanto já aconteceu acordar às 5 da manhã para aproveitar os primeiros raios de sol, como ir à noite mudar enxames de apiário! A rotina vai-se fazendo dia a dia.

Rui Lourenço - Produção Mel Biológico - Sertã

Qual é a tarefa que menos gostas de fazer? E a de que gostas mais?

Há um pequeno momento de que gosto muito, que é o de poder ouvir a ribeira a meio da viagem entre dois apiários, de ver as flores e as plantas a crescer, de fotografar os muitos insetos que encontramos. No fundo, gosto de sentir a Natureza, acho que é isso. 

O que gosto menos de fazer é tratar das papeladas! 🙂 Quando procuramos uma lógica profissional há muita papelada e burocracia que tem que se manter atualizada, mas é assim, é um mal necessário.

Qual foi o testemunho de cliente que mais te marcou?

Os clientes são sempre muito simpáticos e acho, sinceramente, que sentem esta ligação com a Natureza através do nosso pólen e mel biológicos.

Talvez o mais marcante tenha sido um cliente que nos tem comprado pólen recorrentemente. Ao falar com ele, disse-me que comprava para a sua mulher, que tem alguns problemas de saúde e se tem sentido bastante melhor ao incluir pólen de abelha na alimentação. É muito reconfortante saber que estamos a ajudar as outras pessoas.

Tens alguma história engraçada para nos contar?

Como já devem ter percebido, o caminho para as colmeias ainda demora um pouco e, para quem percebe de apicultura, esquecer o saco das ferramentas pode ser uma viagem perdida..

E, nem por acaso, esta semana andei a fazer o maneio das colmeias com um martelo! Fui para o campo, elevei tudo, mas faltou um pormenor — o saco das ferramentas apícolas. Felizmente havia na carrinha um martelo esquecido, daqueles que têm orelhas para arrancar pregos. Com as orelhas do martelo, e com alguma paciência e cuidado, lá fui conseguindo levantar os quadros das colmeias. Foi caricato…e chato! (risos).

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